Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) da região de São Mateus levam 171 dias, ou quase seis meses, para conseguir agendar uma consulta com médicos especialistas na rede municipal. Esse é o tempo médio de espera registrado no Boletim CEinfo, divulgado em junho pela Secretaria Municipal de Saúde. Os dados são relativos aos atendimentos prestados durante o ano passado.
A Zona Leste registra os piores indicadores. No Itaim Paulista, em 2017 o paciente esperou em média 193 dias para conseguir passar por especialista, enquanto em Guaianases foram 146 dias. O prazo padrão na cidade foi de 110 dias.
Como se não bastasse esse sofrimento com a longa espera, uma medida administrativa adotada recentemente pela Prefeitura tornou o acesso aos médicos especialistas e aos procedimentos ainda mais difícil, um autêntico calvário. A gestão do prefeito Bruno Covas publicou em maio um novo protocolo, restringindo aos médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBS) as solicitações de diversos exames.
Pelo protocolo os clínicos gerais que atuam nas UBS e no Programa Estratégia de Saúde em Família (ESF) podem requisitar agora apenas quatro tipos de exames. Os demais 41 só podem ser pedidos pelos médicos especialistas. Estão alinhados nestes casos procedimentos considerados rotineiros como ultrassom de próstata para detectar incidência de câncer no local ou o ultrassom transvaginal.
“Nesta gestão, a área da saúde da cidade de São Paulo foi transformada em campo de experimentos com maldades sem fim e ilusões espalhadas pelos governantes, além de explicações pouco convincentes”, critica a vereadora Juliana Cardoso, integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal.
Em nota à imprensa a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que as solicitações que não se enquadrem no protocolo poderão ser atendidas mediante as justificativas clínicas, “não com a intenção de serem proibitivas, mas sim de orientação”.
Em março 482 mil pessoas aguardavam consulta com especialistas. Outras 178 mil esperavam por exames, quase um ano após o ex-prefeito João Doria ter anunciado que havia zerado a fila de exames médicos com o seu propalado Corujão da Saúde.
“Essa fake news do Corujão e agora esse protocolo perverso tem o claro objetivo de reduzir o tamanho da fila de espera para exames de imagem não pela eficiência do atendimento prestado, mas pela dificuldade ao acesso”, argumenta a vereadora.
Para o ativista de Direitos Humanos, Adriano Diogo, militante da luta pela construção do SUS (Sistema Único de Saúde), o cidadão enfrenta uma maratona para ser atendido por especialista. “A primeira fila é para chegar ao clínico geral, na sequência outra para ter a guia do exame emitida pelo especialista, depois outra para agendamento do exame e, enfim, mais uma para retorno com o laudo para o especialista”, comenta.
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