O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e um dos alvos nas investigações da Operação Lava Jato, disse que a corrupção está no governo, no executivo e não no parlamento. Admite que eventualmente alguém do parlamento possa ter se beneficiado da corrupção e que isso está sendo investigado.
O presidente precisa lembrar que 22 deputados, 12 senadores e 12 ex-parlamentares, por enquanto, estão na lista dos investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) e a afirmação dele é de que o governo está tentando transferir a responsabilidade para o Congresso. “Não é aqui que se contrata ou assina plataformas, que se convida cartel de empreiteiras para participar de licitação”. Vossa excelência tem razão nisso, mas não no todo.
O presidente Cunha ainda disse em entrevista a um jornal estrangeiro responsabilizando o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pela corrupção na Petrobras. De acordo com Eduardo Cunha, um decreto de FHC foi a “porteira da corrupção” na estatal.
Com ares de que não e com ele e com pressa em se livrar do enrosco, o presidente da Câmara se antecipou à votação dos pedidos de convocação e se dispôs a esclarecer as suspeitas que recaem contra ele, qual seja: segundo o depoimento do ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, ele assume ter levado “umas duas ou três vezes”, a mando do doleiro Alberto Youssef, dinheiro para uma casa na Barra da Tijuca que seria de Eduardo Cunha.
Esse mesmo policial ratificou o seu depoimento dizendo que era em outro local, de um aliado do presidente do PMDB-RJ. Há claros sinais, aliás tenho quase certeza, do ex-policial ter sido pressionado a mudar os depoimentos.
Reafirmando que o nobre e digníssimo tem culpa no cartório, Alberto Youssef, em seu depoimento de delação premiada acusou Eduardo Cunha de receber propina no esquema de desvios da Petrobras em um contrato de aluguel de um navio-plataforma de duas empresas.
Na suposição, muito pouco provável de que ele não tem nada a ver com o peixe ou com a propina, o que não está claro e o que o digníssimo precisa explicar é qual seria, então, o papel desse parlamento que não fiscaliza adequadamente. Por que uma lambança desse tamanho e dimensão, que ele insiste em incluir-se do lado de fora, correu livre, leve e solto às barbas do congresso que agora ele comanda.
Precisa explicar ainda, afinal é o presidente da Casa, praticamente ungido pelos seus pares, se aquele aglomerado de nobres deputados lá está, apenas, para se beneficiar por tabela dessas lambanças. Se não é verdade, afinal, que é pela pressão dos congressistas que muitos dos atuais e anteriores diretores disso ou daquilo nas empresas não tinham a indicação sua ou de seus pares de partido.
É claro que a cobrança é para ti mesmo, afinal és o capo, chefe da coisa toda, nesse universo de mais de 500 deputados. Dê para nós, da raia miúda indignada, explicações convincentes, não apenas tirando da reta, porque, aqui, como o nobre deve estar desconfiado, já estamos de saco cheio de tanta enganação.
E, por favor, nos poupe de ocupar esse importante equipamento que é o congresso para a democracia com orações. Assuma suas responsabilidades de quase estadista e promova mais ações.
(LM)
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