Outubro Rosa precisa estar conectado com a realidade de mulheres carentes de São Mateus
Presidente da ONG Rosa Mulher enfatiza que ação precisa ir além do diagnóstico precoce e ajudar as mulheres a terem acesso também ao tratamento precoce
Neste mês, acontece a campanha mundial do Outubro Rosa, cuja proposta é chamar a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama ou de colo de útero. Mas será que a campanha está conectada com a realidade da mulher brasileira, principalmente das mais carentes?
Para a presidente da Associação Rosa Mulher – Grupo de Apoio às Mulheres com Câncer, Beatriz Helena Sakano, a Bia, a resposta é não. “Infelizmente, a gente está vivendo na bolha de quem indica. Se tem contatos, é atendido, caso contrário, vai pra fila de espera. E isso não ocorre apenas no estado de São Paulo, mas em todo o país”, lamenta.
Bia, que enfrentou um câncer de mama há 20 anos, enfatiza que naquela época a paciente esperava cerca de oito meses para fazer o exame. “Agora continua igual, até pior, pois com a pandemia do coronavírus inúmeras pacientes tiveram o tratamento oncológico interrompido na rede pública”, comenta.
“Quando a mulher passa pela cirurgia, há um tempo de aproximadamente 30 dias para fazer a radioterapia. Agora está levando de quatro a cinco meses depois do pós-cirúrgico para fazerem a radioterapia. Será que essa radioterapia vai resolver ou estão apenas cumprindo um protocolo?”, questiona.
A Unidade Básica de Saúde é a porta de entrada para todo atendimento inicial na rede pública. Porém, com a falta de médicos e a demora em marcação de consultas e exames, como fazer o diagnóstico precoce defendido pela campanha do Outubro Rosa? Outro agravante é o fato de alguns postos de saúde só estarem atendendo mulheres gestantes.
Bia enfatiza que não é contra o Outubro Rosa, mas que a rede de saúde precisa dar continuidade aos tratamentos. “A gente nunca conseguiu trazer a carreta da mamografia para São Mateus. Não adianta ter campanha com a carreta e a mulher não sair já encaminhada para o atendimento. Até conseguir fazer a biópsia, leva em média de 20 a 30 dias para o resultado. Existe a lei dos 60 dias para iniciar o tratamento, acontece que tem demorado até 90 dias. Já passou da hora do distrito ter um projeto voltado ao público feminino, um AME ou um hospital especializado em saúde da mulher”, desabafa.
Para ela, uma boa gestão pública é tratar o ser humano com empatia, não como uma ficha de prontuário. “Ressalto que as mulheres precisam se colocar no lugar do funcionário. Não tem médico ou insumo, reclame com a fonte certa: o 156, a Ouvidoria de Saúde. Bote a boca no trombone e reclame na fonte correta”, orienta.
A ONG – Fundada em 2012 por Beatriz Helena Sakano, a Associação Rosa Mulher – Grupo de Apoio às Mulheres com Câncer e a equipe de 18 voluntárias atendem gratuitamente centenas de mulheres com todo tipo de câncer. No espaço, atuam assistente social, psicóloga, acontece doação de perucas, próteses mamárias, cursos de artesanato, cantinho da beleza, kit mimo (maquiagem, peruca e mensagens), bingos e bazares beneficentes.
Serviço – A Associação localizada na Rua Dr. José Cioffi, nº 475, em São Mateus, abre de segunda a sexta, das 7h às 17h (com horário marcado desde o início da pandemia). Agendamentos pelo telefone (011) 97373- 9929.
O site é: https://www.associacaorosamulher.org
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