Mais de 34 mil veículos usados em crimes aguardam leilão em pátios no interior de SP
Carros e motos lotavam delegacias da capital; contrato com os dois espaços termina no ano que vem.
Mais de 34 mil veículos aguardam para ser leiloados em dois pátios alugados pela Polícia Civil de São Paulo. Os carros e motos, que foram apreendidos por terem sido usados em crimes, ficam em dois pátios no interior de São Paulo que são alugados pelo governo.
Um deles fica em Mairinque, na região de Sorocaba. A empresa dona da área venceu a concorrência, em 2015 para abrigar por dois anos e meio mais de 24,3 mil veículos entre carros, motos, peças e carcaças apreendidos nas zonas Sul, Oeste, Centro e em parte da Leste da capital.
O outro pátio fica em Araçariguama, a 55 km de São Paulo. A empresa foi contratada na mesma época para receber e guardar cerca de 4.300 veículos vindos das delegacias da Zona Norte e de parte da Zona Leste, incluindo os bairros da Mooca e da Penha.
No meio dos contratos, os pátios já tinham pouco espaço disponível. Um acordo entre o Estado e as empresas ampliou em 25% o número de vagas. Pouco adiantou, porque, desde 2015 foram feitos só três leilões (veja abaixo). O de Araçariguama está lotado há dois anos, com 5,5 mil veículos. O terreno virou pátio improvisado.
Para guardar nos dois pátios 35.750 veículos até maio do ano que vem, a conta do contribuinte vai chegar a R$ 16,6 milhões.
Delegacias lotadas
O pátio de Araçariguama recebeu em 2015 os primeiros carros retirados das delegacias da capital. Uma das primeiras a ser esvaziada foi a da Vila Penteado, na Zona Norte.
Três anos e meio depois, porém, toda a área da mesma delegacia voltou a ficar tomada por sucata, carcaças amontoadas e cerca de 80 carros apreendidos. Ela não é a única lotada: a da Vila Carrão, na Zona Leste, tem mais 50 carros que ficam ao redor do prédio por falta de espaço no pátio de Araçariguama.
A Polícia Civil apreende, em média, 200 carros por mês na capital. Hoje só existem 1.518 vagas no pátio de Mairinque. A polícia afirma que já tem autorização da justiça para leiloar 500 veículos. E corre contra o tempo para esvaziar os pátios até maio do ano que vem, quando terminam os contratos.
Com o dinheiro arrecadado nos leilões de veículos, a Polícia Civil paga os custos do leilão, as multas e taxas atrasadas do veículo vendido e o que sobra vai para o caixa do governo estadual.
No caso de veículos usados no tráfico de drogas o dinheiro que sobra vai para o governo federal.
Lei que não funciona
Uma lei estadual permite a venda dos carros usados em crimes 60 dias depois da apreensão. Na prática, segundo a polícia, ela não funciona. “Existe uma burocracia interna, mas é um trâmite que nós estamos lidando com um bem de alguém”, disso o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Albano Davi Fernandes.
“Nós não podemos deixar de verificar a origem desse veículo, que tipo de ilícito ele está linkado, então tudo isso leva tempo, é uma demanda muito grande. Fala o perito, fala o delegado, autoriza, o juiz também fala e autoriza o leilão do veículo, então é uma coisa difícil.”
Por César Galvão, SP2
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