Cunha quer mandato de volta; Temer e a turma lhe devem

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Passado mais de seis meses do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT) fazendo ascender à Presidência da República, Michel Temer (PMDB) em meio a uma confusão absurda de fatores, desde os que condenaram a Dilma pelo ‘conjunto da obra’, pois não gostavam do seu governo, o que, aliás, não é motivo para impedimento; este só pode ser feito via eleições gerais, até as supostas necessidades de ajustes econômicos que segundo a reza dos golpistas seriam benéficos ao País, mas que ao fim, vê se agora, ainda não deram certo é que a única certeza possível é terem sido estapafúrdias as desculpas, uma vez que quase nenhuma delas se justificaram.
Resumindo estamos querendo dizer que o problema não era o governo da ex-presidente Dilma Roussef. Se fossem, as soluções indicadas, adotadas e a serem adotadas pelo governo tampão apresentaria alguma expectativa de bons resultados. Esses não vieram e não se sabe se virão.
O que veio foi arrocho, piora das condições de vida presente e futura da maioria da população que está pagando e vai pagar a conta dolorosa, enquanto a classe dominante saboreia o lado bom ficando com as vantagens dos ajustes. Optamos por não explicar esse quadro em detalhes para não nos desviarmos de onde queremos chegar. Ao ponto então.
O ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba desde o dia 19 de outubro, no âmbito da Operação Lava Jato entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular o processo legislativo que finalizou em sua cassação. Pede revisão e decisão imediata para que lhe devolvam o mandato. Por 450 votos contra 10, os deputados aprovaram em 12 de setembro um parecer do Conselho de Ética da Câmara que determinava a sua cassação por ter mentido na CPI da Petrobrás ao afirmar que não tinha contas no exterior.
Agora a sua defesa alega, que esse processo, violou o “devido processo constitucional legislativo” por ter sido votado em forma de “parecer” e não de “projeto de resolução”. Minúcias jurídicas que segundo os defensores de Cunha impediu que os deputados, mesmo que quisessem, e a maioria dos seus aliados queria deliberassem uma pena alternativa ao Eduardo Cunha. A ação estará aos cuidados do ministro Ricardo Lewandowsky e aguarda volta do recesso.
Costurando a confusa e, até certo ponto ilegal, deposição de Dilma Roussef com o insucesso das medidas adotadas pelo interino, tão reivindicadas pelos que queiram Dilma fora com a reação legalista do principal condutor do impeachment, ex-deputado Eduardo Cunha podemos especular que houve uma grande e sorrateira estratégia de fingir punir Cunha para aliviar a pressão dos segmentos que não compactuaram com o impedimento da ex-presidente premiando-o pelos ‘excelentes serviços prestados a causa do golpe”, depois de curto período de resguardo na cadeia.
Parece conspiração e pode até ser, mas é uma possibilidade. A desconfiança é alimentada pelo comportamento relaxado e aparentemente despreocupado da família de Eduardo Cunha. Este comportamento parece indicar que o porvir não será tão sinistro assim para ele.
Será que os atuais titulares do governo em Brasília atuam nesse cenário? Afinal seria mais que justo eles premiarem aquele que foi o ‘boi de piranha’ na linha de frente do impedimento que os permitiram chegar aonde chegaram. (JMN)

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