Coronavírus pode cancelar Lollapalooza 2020? Medidas para conter doença adiaram eventos pelo mundo
Médicos dizem que grandes eventos no Brasil têm grande chance de serem adiados ou cancelados. Organização do festival não quis comentar o assunto.
Desta forma, o Lollapalooza, festival que acontece em São Paulo no começo de abril, poderia ser afetado.
Cancelamentos pelo mundo
O número de eventos culturais cancelados ou adiados em todo o mundo tem aumentado em março por causa da epidemia do novo coronavírus.
São festivais, shows, feiras, estreias de filmes e desfiles suspensos ou com mudanças de datas para evitar aglomerações de pessoas. As medidas estão sendo tomadas desde fevereiro.
A lista tem eventos como a E3 (maior feira de games do mundo) e festivais de música (Tomorrowland, SWSX, Ultra Music Festival e Coachella).
Mas por que festivais estão sendo cancelados pelo mundo? “É um contato quase que íntimo, mesmo que não haja troca direta de material biológico”, explica Marcello Bossois, alergista e membro do projeto Brasil sem alergia.
Material biológico pode ser sangue ou secreções através da pele, das mucosas (olhos, boca e nariz) ou de lesão. O médico diz que se aproximar de pessoas e falar com elas não transmite o coronavírus.
O empurra-empurra comum em festivais e a proximidade perto das grades dos palcos pode fazer com que exista possibilidade de transmissão entre os fãs.
Bossois explica também que a transmissão se dá através de gotículas maiores: “Então, falar com um amigo ou pessoa próxima… só o ato de falar não transmite o coronavírus.”
Para ele, com a doença sendo transmitida entre residentes do mesmo país, a orientação médica é não ir aos festivais: “Se existe um risco, mesmo que mínimo, em aglomerações, a minha opinião pessoal é pelo cancelamento. Se você for, use e abuse de álcool gel e lave sempre que puder as mãos.”
“O mundo inteiro está tomando medidas drásticas no sentido de diminuir a velocidade da expansão do Covid-19. Então, eu imagino que tem que ser revista a possibilidade desses grandes eventos, com cancelamento ou adiamento”, diz Rosana Ritchmann, infectologista e integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia.
A médica diz que é pouco provável que o público possa ser contaminado pelas próprias atrações do festival, quase sempre bem bem longe dos fãs. O problema é a transmissão entre os fãs.
“O risco é com o próprio público, com as pessoas que podem estar contaminadas e sem sintomas. E esse público pode transmitir o vírus para uma população mais vulnerável”, diz Ritchmann.
“Esses festivais estão sendo cancelados por motivos óbvios. Quanto menos aglomeração de pessoas, menor vai ser o risco de disseminação”, diz ela.
“Aqui no Brasil ainda não houve cancelamentos, mas a perspectiva é que o número de casos aumente nas próximas semanas. Muito provavelmente, as autoridades, os responsáveis por qualquer evento que você tenha uma grande aglomeração de pessoas… tem que ser discutido o risco de se manter ou não eventos como estes.”
Já são mais de 4 mil mortes e 110 mil casos confirmados de Covid-19, a doença causada pela nova forma do vírus, ao redor do mundo.
Por Braulio Lorentz e Thaís Matos
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