Esposas, irmãs e mães de policiais militares passaram vários dias de fevereiro acampados em frente alguns batalhões da Polícia Militar na Grande Vitória, no Estado de Espírito Santo em protesto por melhores salários para a corporação. Sem reajustes durante longo período os policiais viram nessa forma de luta uma forma de pressionar o Governo. As famílias dos soldados fazendo piquete conseguiam impedir as viaturas de saírem. Durante o fechamento deste artigo, diziam que não iam recuar, mas o fez no mesmo dia 13 quando nova proposta encaminhada ao governo pelas associações de policiais envolvidas no movimento não insistia mais em aumentos e focava em melhores condições de trabalho. Fontes do governo informavam que só iam negociar com a volta ao trabalho nos quartéis.
Além dos problemas objetivos que ocorreram naqueles dias com homicídios, brigas, saques, roubos, furtos e vandalismo de toda espécie, a paralisação do serviço, infelizmente revelou um comportamento deplorável de parcela significativa da chamada pessoas de bem; aquela mesma que aproveitou para resolver suas desavenças pessoais da pior forma possível e se tornaram criminosos de oportunidade participando de saques, roubos e furtos.
Mas não devemos creditar só aos manifestantes a capacidade de paralisação. É inocência achar que elas sozinhas conseguem paralisar policiais militares; aqueles mesmos que quando chamados pelo governo a intervir em paralisações e protestos de outras categorias, seja de que tamanho for, conseguem desmantelá-los em instantes com o uso da força. O movimento tem sim o apoio velado dos soldados. Seria cômico, não fosse no mínimo irregular.
A situação exige que legislação que disciplina a atividade de segurança seja levada em conta e essa diz que policiais militares e membros das forças armadas não podem fazer greve. Quando fazem greves e paralisações, proibidas por leis, incorrem no que chamam crime de motim e podem responder criminalmente por revolta.
Precisou passar mais de uma semana de paralisação e problemas que surgiram dai para que o governo do Estado anunciasse pelas vias legais o indiciamento de pelo menos 700 policiais militares identificados como amotinados. Motim é o que de fato, segundo a legislação, a situação vem indicando.
Pela lei, se esses forem condenados, terão que cumprir penas que variam de 8 a 20 anos de detenção em presídio militar, além de expulsão da corporação. Segundo o secretário de Segurança Pública do ES, André Garcia eles foram indiciados no crime militar de revolta, por estarem armados e aquartelados nos batalhões. Enquanto isso ainda poderá virar inquérito e processo os amotinados não estarão recebendo os salários com o ponto cortado desde o dia 4.
A proposta de punições, seguindo o cumprimento da lei foi feito depois de reunião entre representantes das mulheres e das associações de policiais militares envolvidas nos piquetes e os secretários do governo do estado que não chegou a nenhum acordo.
Nas minúcias jurídicas é que estarão pendurados os argumentos e contra argumentos das partes. Alguns defensores do movimento dizem que os policiais militares não estão fazendo greve. “Eles estão vindo trabalhar, mas que estão sendo impedidos de sair dos quartéis. É diferente”. Que os juízes decidam.
Até o dia 13, a disposição dos manifestantes era de continuarem o movimento. Prometiam não arredar pé dos piquetes enquanto não ouvissem uma proposta decente por parte do governo. Já o secretário da Segurança Pública, não tinha nenhuma novidade para apresentar.
Na ofensiva, disse o secretário que o governo está tentando identificar por imagens as mulheres e parentes dos policiais que estão participando das manifestações em bloqueios nas entradas dos quartéis para evitar a saída das viaturas. A intenção é responsabilizar civilmente essas pessoas para que arquem com os custos com a mobilização que teve que ser feita das Forças Armadas.
A situação, entretanto, extrapolou deixando de ser assunto só dos soldados da PM e do governo. Teve forte impacto na questão da segurança na grande Vitória e não demorou muito também para que os parentes mobilizados criticados e hostilizados vissem de muito perto que atrapalhar o trabalho da PM colocava em risco a segurança da sociedade e eles próprios.
Não foram só criticas veladas. Dias desses os manifestantes tiveram que lidar com o descontentamento com a situação que se vivia naqueles dias, vindo do outro lado da rua. O pior só foi evitado por causa da presença de soldados das Forças Armadas no local que evitaram confusão maior entre os manifestantes e a população reclamando segurança. A perrengue, entretanto, aparentemente, não parecia ter sido o suficiente para demover os ‘piqueteiros’ de continuarem pressionando o governo para que negocie com os PMs. Só que o governo parece que chegou ao seu limite. Aguardemos.
Fora isso, conforme dito mais acima com o comportamento criminoso de parte da chamada gente de bem ficou mais difícil a sociedade civil e a população ter moral e crédito para criticar e condenar qualquer um dos lados ou ainda os comprovadamente corruptos. (JMN)
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