Se há algo de novo em toda movimentação recente dessa escandalosa política é a retomada da discussão em todos os cantos. No meio da rua, nas calçadas, na cabeleireira, no comércio, no parque, nas salas das famílias, ou seja, em quase todos os ambientes, se respira e se fala de política. Na maioria das vezes fala-se, agora sobre o afastamento da presidenta, sobre denúncias de corrupção, sobre as malvadezas ou qualidades do também afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre as roubalheiras dos políticos e curiosamente quase nada sobre algumas medidas do governo do Estado de São Paulo, o que não deixa de ser curioso, nas rodas fala-se sobre a politica nacional e geral, mas como uma espécie de cegueira quase nada sobre o governo estadual. Será porque esse governo estaria isento de criticas; acima do bem e do mal. Não é verdade e em algum momento voltaremos a isso.
Por enquanto esse respirar política é um passo a frente do que acontecia antes. Sem as denúncias e sem as investigações do que se chamou de mensalão, agora do petróleo e do papel do juiz Sergio Moro e da polícia federal as conversas giravam sobre outros assuntos; da epidemia da dengue a segurança pública assunto de todo tempo e de toda hora.
Com as denúncias, investigações e com a divulgação na grande mídia e, principalmente, após as seguidas manifestações de rua contra e a favor da presidente Dilma Roussef as coisas mudaram. Estamos numa fase inaugural no interesse da política, o que é bom e necessário, mas ainda longe de entender toda a complexidade dela. Ficar contra a presidenta afastada ou contra o interino Temer sem entender e procurar saber de todas as nuances de um assunto tão complexo é arriscar a pensar e falar bobagens. Mesmo assim melhor do que não achar nada.
Se as rodas de conversas, em geral, estão num estágio primário, mas sempre bem vindo devemos destacar a atuação de parte da juventude, aquela de consciência da sua importância e de sua ação política para interferir na vida pública. Essa parcela da juventude, a exemplo do que se fez historicamente em quase todas as partes do mundo, assume para si ações e posicionamentos e isso é mais importante que se perder no não fazer nada ou fazer o que não presta prejudicando outros.
Se vamos destacar essa parcela da juventude, cuidemos para não entrar aqui no juízo de mérito e de valor do que essa juventude em cada pauta faça. O importante é que ela faz e coloca no tabuleiro da ação política esse personagem, a juventude, para quem está reservado o futuro. Se o futuro lhes pertence, cabe cuidar dele desde já. E se é na caminhada que se acha o caminho, fiquemos em apenas dois exemplos que podemos dar aqui.
Primeiro o tal do Levante Popular da Juventude. Organizados em células por locais de estudo, trabalho e moradia costumam promover escrachos, irreverentes e divertidos, contra as figuras públicas da política. Foi assim com o escracho na porta do presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP), chamando-o de golpista; seja em frente da casa do ex-presidente de Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também chamado de golpista e com inúmeras acusações por corrupção. Jair Bolsonaro, outro deputado federal do RJ conhecido por suas posições controversas, também tem sido alvo dos escrachos dessa juventude.
Um segundo exemplo são os estudantes secundaristas de São Paulo que não tiveram dúvidas em ocupar as escolas que estavam na mira de serem desativadas pelo governador, sem uma discussão prévia e aprofundada com todos os interessados, incluindo eles próprios. Até o desvio da merenda revelada pela imprensa através de denuncias só conseguiu virar assunto de comissão parlamentar de inquérito – CPI com a pressão constante dos estudantes que também ocuparam as escolas técnicas vinculadas ao governo do Estado.
Portanto, apoiemos a chegada da discussão política em todos os cantos, mas cuidemos de guardar nossos julgamentos precipitados e aprendamos a valorizar quem se coloca no campo da batalha das ideias e das ações diretas no sentido de influir nos destinos da sociedade. Errando ou acertando é melhor caminhar que ficar de lado só reclamando. (LM)
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