Medida entra em vigor a partir desta quarta (8). SP registra 275 mortes por coronavírus e 4.620 casos confirmados da doença.
O governo de São Paulo ampliou a quarentena no estado a partir desta quarta-feira (8) até o dia 22 de abril. A medida segue sem flexibilizações, e foi tomada para conter o avanço do coronavírus no estado. A determinação será publicada no Diário Oficial desta terça-feira (7).
“Sim, a prorrogação da quarentena será feita em São Paulo por mais 15 dias, do dia 8 até o dia 22 de abril, pelo conjunto de razões que já foram claramente expostas”, afirmou João Doria.
Ele ainda afirmou que os prefeitos têm a obrigação de seguir a orientação e usar o “poder de polícia em caso de desobediência”.
“Nenhuma aglomeração de nenhuma espécie em nenhuma cidade ou área do estado de São Paulo será admitida. As Guardas Municipais ou Metropolitanas deverão agir”, afirmou.
“Isso é constitucional, não é uma deliberação que pode ou não ser seguida. Ela deve ser seguida por todos os municípios do estado”, completou.
Impacto do isolamento
Antes do anúncio da ampliação da quarentena, o secretário estadual de Saúde, José Henrique German, e o coordenador de testes de coronavírus, Dimas Tadeu Covas, afirmaram que sem a adoção de medidas de isolamento social, como a suspensão de aulas e a recomendação de que a população fique em casa, o cenário previsto seria de 5 mil mortes no estado até o dia 13.
“Sem essas medidas que temos tomado, no sentido de fazer um isolamento das pessoas, pelos cálculos, seriam 10 vezes mais casos do que os 4600”, afirmou Henrique German.
“Neste momento, nós precisamos da adesão das pessoas. Precisamos elevar, mostrar que a redução está funcionando em níveis superiores a 70%”, destacou Dimas Tadeu Covas.
Doria também voltou a fazer críticas a Jair Bolsonaro sobre a postura do presidente com relação ao enfrentamento da doença.
“Será que a ciência mundial está errada? Será que a Organização Mundial da Saúde está errada? Será que ministros e secretários de Saúde de 56 países do mundo, que recentemente fizeram uma conferência com o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, recomendando o afastamento social, o isolamento e as medidas em que cada um desses países vinha adotando, respaldado na medicina e na ciência, estão todos errados? Será que um único presidente da república no mundo é o certo?”, questionou o governador.
Depoimento
A coletiva de imprensa desta segunda teve a presença do infectologista David Uip, que retornou dos 14 dias de isolamento, após ter testado positivo para o coronavírus.
Uip reassumiu a coordenação do Centro de Contingência do Coronavírus. Durante a coletiva, ele fez um depoimento sobre seu enfrentamento da doença.
“Eu agradeço à Deus por estar aqui vivo, segundo à minha família, especialmente à Tereza, meus filhos, netos e genro pela solidariedade”, disse.
O infectologista comentou a respeito dos dias em que precisou ficar em isolamento total. “É de extremo sofrimento. Eu tive que me reinventar. Tive que criar um David novo, seguramente mais humilde, e sabendo os limites da vida”.
Uip também afirmou que voltará atender pacientes, além de seguir à frente das responsabilidades do comitê, e fez um alerta à população.
“Não é brincadeira. Por favor, aqueles que estão subestimando, achando que não é nada, ou que é pouco, eu desejo ardentemente que não adoeçam. É um sofrimento muito grande.”
Quarentena
A determinação seguirá como a anterior, com o fechamento do comércio e mantendo apenas os serviços essenciais, como nas áreas de Saúde e Segurança.
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou neste domingo (5) que o estado chegou a 275 mortes relacionadas ao coronavírus. São 15 óbitos a mais que o registrado no boletim divulgado neste sábado (4).
A alta no número de mortes foi de 6% nas últimas 24 horas. Em uma semana, a secretaria contabiliza aumento de 180% no número de mortes pela doença, em comparação com o balanço do domingo (29), quando o número de vítimas chegava a 98 pessoas.
Devem seguir funcionando durante a quarentena:
- Hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas;
- Transporte público;
- Transportadoras e armazéns;
- Empresas de telemarketing;
- Petshops;
- Deliverys;
- Supermercados, mercados e padarias;
- Limpeza pública;
- Postos de combustível.
Deverão seguir fechados:
- Bares;
- Restaurantes;
- Cafés;
- Casas noturnas;
- Shopping centers e galerias;
- Academias e centros de ginástica;
- Espaços para festas, casamentos, shows e eventos;
- Escolas públicas ou privadas.
*Bares, cafés e restaurantes podem manter o funcionamento em sistema de delivery e/ou drive thru.
Os hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas, públicas ou privadas, devem seguir com o funcionamento normal.
As transportadoras, armazéns, serviços de transporte público, serviços de call center, petshops, bancas de jornais, táxis e aplicativos de transporte continuam funcionando com as orientações dos sanitaristas.
Os serviços de Segurança Pública, tanto estadual, quanto municipais, continuam funcionando normalmente. Os bancos e lotéricas também continuam abertos. As indústrias devem continuam operando, já que não têm atendimento ao público em geral.
Já os bares e restaurantes devem fechar e só poderão atender por delivery. A medida também afeta as padarias de todo o estado que trabalham com refeições.
Mortes
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, das 275 vítimas do coronavírus no estado, 157 são homens e 118 mulheres. Do total, 236 tinham idade igual ou superior 60 anos e as demais incluem pessoas com menos de 60, mas com alguma comorbidade.
Os casos confirmados da doença no estado chegaram a 4.620 pessoas infectadas, 154 a mais que o registrado no sábado (4), quando os infectados chegavam a 4.466 pessoas. Alta de 4% em relação ao dia anterior.
Nos cálculos da secretaria, desde 29 de março o número de pacientes confirmados com o coronavírus em São Paulo cresceu 318%, saltando de 1.451 casos para 4.620 e alcançando o dobro de municípios na última semana. Atualmente, 99 cidades paulista registram casos confirmados da infecção.
O boletim do Ministério da Saúde afirma que São Paulo concentra 77% das hospitalizações por problemas respiratórios com confirmação para COVID-19 em todo País. São 1.724 internações registradas até este domingo (5).
Em todo o País, o número de mortos pela Covid-19 chegou a 486 pessoas, totalizando 11.130 casos confirmados, segundo o boletim diário do Ministério da Saúde.Tire dúvidas sobre o coronavírus; G1 responde a 42 perguntas
Vacinação em SP
Mais de 4,8 milhões de pessoas já foram vacinadas contra a gripe em todo o estado de São Paulo. A campanha começou no dia 23 de março e registra recorde de imunização, vacinando ainda 84% dos idosos.
Os dados foram contabilizados até esta quinta-feira (2). Por dia, quase 600 mil pessoas foram imunizadas, três vezes mais que a procura inicial de idosos e profissionais de saúde no ano passado
Entre os dias 23 de março a 2 de abril, foram aplicadas doses em 760,6 mil trabalhadores de saúde (56%) e 4 milhões de idosos (84%). Coberturas vacinais similares só foram alcançadas entre esses dois grupos após um mês das etapas destinadas a eles, no ano passado.
Neste ano, idosos e trabalhadores entraram na primeira etapa de imunização para intensificar a prevenção de doenças respiratórias, no contexto de enfrentamento ao novo Coronavírus.
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