Marinha envia seus dois maiores navios para auxiliar no combate ao vazamento de óleo no Nordeste
Embarcações deixam o Rio de Janeiro na tarde desta segunda-feira (4) e devem chegar no Nordeste no dia 10.
Os dois maiores navios da Marinha do Brasil saem do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (4) em direção ao Nordeste do país para ajudar no combate ao vazamento de óleo que atingiu as praias da região.
A medida foi tomada mais de 60 dias após o óleo começar a chegar à costa brasileira. No sábado (2), a Marinha endossou investigação da Polícia Federal que apontou, na sexta (1), um navio grego como suspeito do despejo.
O primeiro navio, o Atlântico, deixou o Arsenal de Marinha, na Zona Portuária do Rio, ao meio-dia. O segundo, o navio-doca multipropósito Bahia, deixará a Base Naval do Mocanguê, na Baía de Guanabara, às 15h.
Além dessas duas grandes embarcações, uma fragata, seis aeronaves e um terceiro navio também sairão do local.
No total, duas mil pessoas participarão da missão – sendo 670 fuzileiros navais. Os fuzileiros vão desembarcar para participar da limpeza das praias, manguezais e arrecifes.
O Atlântico e a fragata vão trafegar pelo litoral nordestino em patrulha e monitoramento das águas, com exceção do Bahia – este, por ser um navio-doca, e também por questões de logística, ficará atracado no Porto do Suape, no Recife.
A previsão é que os navios cheguem no Nordeste no dia 10 deste mês.
Mais de 300 praias atingidas
O óleo já atingiu 314 localidades da orla brasileira. No total, o Ibama afirma que 110 municípios foram afetados em todos os nove estados do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
A Federação Internacional de Poluição por Petroleiros (ITOPF, na sigla em inglês) tem um guia público de boas práticas para a limpeza de locais contaminados. O órgão já atuou em mais de 800 vazamentos causados por navios em 100 países diferentes nos últimos 50 anos. Segundo o ITOPF, a limpeza manual é a mais indicada para o caso das manchas de óleo no Nordeste.
“A melhor técnica aqui é a limpeza manual, para ser seletivo e reduzir o dano ambiental, considerando a natureza do óleo e dos substratos contaminados. Máquinas como tratores podem ser usadas onde for possível, mas é preciso levar em consideração os possíveis efeitos no meio ambiente, inclusive em ninhos de tartarugas”, diz Richard Johnson, diretor técnico do ITOPF.
Reincidência
Um terço das mais de 280 localidades atingidas pelo óleo no Nordeste chegaram a ser limpas, mas viram a poluição retornar ao menos uma vez. Ao todo, 83 praias e outras localidades tiveram a reincidência da contaminação, o que representa 29,5% dos locais afetados pelo petróleo cru que começou a surgir no fim de agosto.
A praia que mais sofreu com grandes resíduos de óleo, segundo os balanços do Ibama, foi Jandaíra, na Bahia. A localidade foi a que mais vezes apareceu nos relatórios com o status que equivale a manchas maiores que 10% da praia. Ao todo, em 18 relatórios do Ibama algum ponto dessa praia, que fica próxima à divisa com Sergipe, apareceu com manchas grandes: a primeira, em 4 de outubro, e na segunda-feira (28) da semana passada.
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