Polícia investiga morte de menina de 7 anos após picada de escorpião em Franco da Rocha
Ao saber do caso, avó de 63 anos passou mal e também morreu no mesmo hospital. Criança não foi levada para hospital de referência da região.
A Polícia Civil investiga a morte de uma menina, de 7 anos, nesta segunda-feira (14) após ser picada por um escorpião em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Horas depois de saber da morte da neta, a avó, de 63 anos, passou mal e acabou morrendo no mesmo hospital. Os corpos da avó e da neta foram enterrados nesta terça-feira (15) no Cemitério da Paixão, na mesma cidade.
No final da madrugada desta segunda-feira (14), às 5h15, a menina deu entrada na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Franco da Rocha. Ela foi picada por um escorpião e já chegou em estado grave. A UPA não tinha aplicação de soro.
Segundo a Prefeitura de Franco da Rocha, há uma orientação, em conjunto com a Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, para que em casos de picada por escorpião a vítima seja removida para o hospital referência da região, neste caso, para a Santa Casa de Francisco Morato.
Apesar disso, a equipe médica optou por levar a criança para o Hospital Estadual Dr. Carlos Da Silva Lacaz, em Francisco Morato, onde há Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não tem o soro. De imediato, os médicos providenciaram que o soro fosse levado para o hospital onde estava a menina. O soro chegou a ser administrado, mas a criança morreu.
Na noite de segunda, às 20h43, a avó da menina deu entrada na mesma UPA de Franco da Rocha com parada cardiorrespiratória. Os médicos tentaram reanimá-la por cerca de 20 minutos, mas ela morreu. A UPA tem desfibrilador e todos os equipamentos necessários para este tipo de emergência foram usados.
A Prefeitura de Franco da Rocha informou que 25 pessoas foram picadas por escorpião neste ano e que este foi o primeiro caso de morte.
Em nota, a Prefeitura de Franco da Rocha falou sobre a morte da menina e informou que o “protocolo para atendimento nestes casos, definido pela vigilância epidemiológica do governo do estado de São Paulo, em conjunto com os municípios da região, é que o tratamento deve ser realizado em hospitais de referência (Santa Casa de Francisco Morato para crianças e o Hospital Estadual Albano Franco, em Franco da Rocha para adultos).”
Ainda de acordo com o documento, “a criança foi atendida de imediato pela equipe de plantão da UPA, que a estabilizou e preparou para transferência. O médico optou pela transferência ao Hospital Estadual Lacaz, também em Francisco Morato, que possui estrutura de UTI e é a referência para atendimento pediátrico na região, onde ela recebeu o soro e não resistiu, vindo a falecer.”
Sobre a morte da avó da menina, a prefeitura informou que ela “deu entrada na UPA às 20h43 da noite de segunda, já em situação de parada cardíaca, onde tentaram reanimá-la sem sucesso durante 20 minutos.”
A Secretaria Estadual de Saúde disse, em nota, que “a referência para Franco da Rocha para atendimento a casos de acidentes com animais peçonhentos é a Santa Casa de Francisco Morato e não o Hospital Estadual de Francisco Morato. O município direcionou a criança sem comunicação prévia a esta unidade. A paciente deu entrada às 6h53 com quadro gravíssimo e foi encaminhada diretamente para a UTI.”
Ainda segundo a nota, “a Prefeitura de Franco da Rocha levou o soro ao Hospital Estadual somente às 8h e a aplicação foi feita de imediato. Infelizmente, apesar de todos os cuidados intensivos, a criança faleceu às 16h28, devido à gravidade clínica.”
A secretaria estadual informou ainda que “nesses tipos de acidentes, o primeiro atendimento deve ser avaliado por um médico, para classificação do risco do paciente e estabilização clínica, o que deveria ter sido feito pela UPA”.
Desentendimento
No fim da noite desta terça-feira, a prefeitura de Franco da Rocha voltou a se posicionar sobre o caso e disse, em uma nova nota de esclarecimento, que “a equipe médica da UPA reafirma sua convicção que o encaminhamento ao hospital Lacaz, que possui UTI pediátrica adequada para o atendimento da paciente que se encontrava em estado grave, era o procedimento mais correto a ser adotado no momento, ainda que infelizmente não tenha sido o suficiente para salvar a vida da menina.”
Ainda de acordo com o novo posicionamento da prefeitura, “o primeiro atendimento e estabilização da paciente foram sim efetuados na Upa, tanto que ela teve condições de ser transferida”.
Debate de protocolos
“A vaga foi solicitada conforme determina o protocolo, que é a chamada ‘vaga zero’, de extrema urgência e internação imediata. Em razão da urgência, o pedido não chegou sequer a ser registrado no sistema de regulação, tendo sido encaminhado por telefone à equipe do hospital Lacaz. A efetividade deste encaminhamento é demonstrada pela própria internação e a continuidade do atendimento por parte da equipe do hospital”, informou a nota da prefeitura.
A administração municipal disse também que “cabe mencionar também que os municípios já haviam solicitado à regulação do governo estadual que todo o atendimento de sorologia contra escorpiões e outros animais venenosos fosse concentrado no Hospital Lacaz, considerando que a Santa Casa não possui as condições ideais para atendimento de casos graves. Esta transição estava em andamento.”
Por Wagner Vallim e Anderson Colombo, TV Globo — São Paulo
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