Atendimento da Sabesp depende de autorização de proprietários

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O gerente do polo de manutenção da Sabesp, sediada na Rua Nelson de Oliveira, Luiz Carlos Bouzan atendeu a reportagem de Lucy Mendonça acompanhado do engenheiro Josivaldo Pereira e do responsável pelas relações de participação comunitária Cesar Gonsalves e nos explicou que toda a ação da Sabesp no fornecimento e no saneamento depende do poder concedente, ou seja, estar autorizada a atender esses locais. “A autorização vem pelo poder de quem domina, tem a posse ou a propriedade do terreno”, diz. No caso dos não particulares o terreno pode ser da prefeitura, da Cohab, da CDHU que dão o consentimento para que a Sabesp faça a parte técnica da instalação e funcionamento do serviço.
Atualmente a Sabesp tem know-how e condições de atender quase todo tipo de demanda, mas as restrições para atuar são as situações de irregularidades com as ocupações. Há casos na região que terrenos da Cohab foram ocupados e invadidos, portanto irregulares, nos quais o fornecimento do serviço não pode ser feito. Há no mínimo uma contradição, a Cohab tolera a ocupação irregular, mas não autoriza a Sabesp prover o saneamento.
Ai, ainda segundo os entrevistados, o óbvio; ninguém consegue sobreviver sem água e ai as famílias vão dando seus jeitos para uma situação que a empresa poderia atender, mas que está proibida por causa da falta de autorização do poder concedente.
Segundo o gerente, a Sabesp contabiliza 145 núcleos espalhados pela região que corresponde a aproximadamente 25 mil moradias; entre elas as que estão em áreas da prefeitura, as antigas favelas, algumas em processo de regularização, mas também em diversas áreas privadas da CDHU e da Cohab, onde as autorizações não saem. Desse total, 71 núcleos são possíveis o atendimento com fornecimento do esgoto; o restante apresenta uma série de complicadores, sendo que os mais graves e quase insolúveis dizem respeito às ocupações às margens de córregos sem que se tenha deixado entre as construções e o leito uma margem como faixa de servidão.
Em parte importante dessa totalidade as famílias pagam apenas a taxa de água ou uma taxa social diferenciada, explicam.
Para Cesar que tem a tarefa de relacionamento com as comunidades problemas de documentação, inadimplência, precariedade social e econômica e também falta de espaços mínimos para oferecer o serviço são frequentes. “Com os inadimplentes, a Sabesp se esforça e na maioria das vezes resolve os problemas, pois tem interesse em que o cliente fique ‘legal”.

Comunidades inteiras sendo atendidas
Locais como o Recanto Verde, parte do Palanque, Limoeiro I e II, Laranjeiras estão sendo atendidos pela empresa, com troca de ramal coletor, instalação de hidrômetros, mutirão de regularização com eventuais refinanciamentos dentro das normas. O atendimento da Sabesp é possível de ser em 100% do saneamento; água tratada, coleta e tratamento de esgoto. De novo as restrições são os impedimentos legais.
“Lá no bairro Palanque, Saturnino Pereira, Carolina conseguimos atender quase 90% com água e praticamente todo esgoto. Estamos há um ano e meio trabalhando naquela região para tentar sanear – conseguimos atender quase todos porque não teve impedimento e o que não foi atendido foi por dificuldade com a Prefeitura nas regiões ilegais. Acredito que tem que mudar o conceito da Sehab, para que prestemos os serviços. Se houver impedimento legal depois, e os moradores forem retirados posteriormente, a gente faz um negócio provisório na situação que está, mas atualmente nem isso a gente pode” considera.

Estação de tratamento de esgoto local
Desde julho do ano passado a Sabesp vem trabalhando na implantação de uma obra civil e instalação de uma estação de tratamento de esgoto modular no bairro do Palanque com custo final estimado em R$ 300 Mil entre terreno e maquinário. “Visitamos feiras e conhecemos novas tecnologias e uma delas adotada, inclusive, em campos de refugiados em várias localidades nos chamou a atenção pela capacidade de coletar e tratar o esgoto do aglomerado humano localmente, de forma modular”, explica Luiz Carlos.
Essa tecnologia está sendo preparada para funcionar de forma pioneira no bairro do Palanque e deverá atender 1500 famílias. A depender dos resultados poderá certamente ser adotada como tecnologia positiva e expandida para outros tantos locais. Com custos relativos resolve o problema do esgoto no local, sem a necessidade de cortar enormes distâncias, 30, 40 km entre os locais e as principais grandes estações de tratamento de esgoto disponíveis; uma delas, por exemplo, no Parque Novo Mundo, zona norte da cidade. “O custo já se comprovou menor e estamos atendendo as determinações técnicas ambientais com aprovação da Cetesb”, explica.
Resumindo a pequena estação funciona assim: consegue-se a doação permanente ou provisória do terreno; instala-se a planta modular da estação, faz as ligações de coleta e devolve aos afluentes a água tratada e limpa. Atualmente, sabe-se que sem tratamento de esgoto esses vão para os córregos, destes para os rios, alguns chegam as nascentes desses mesmos rios e por ai vai.
“Índice de perda é muito baixo” afirmam
Segundo os entrevistados, a Sabesp tem seus métodos próprios para mensurar o que fornecem, o que recebem e o que é perda. Além de plataformas disponíveis na internet, drones são utilizados para saber onde, tamanho das ocupações e uso o social, a água não computada, não remunerada. Sabem que fornecem, mas não recebem. São águas furtadas, desviadas, usadas de forma irregular. Mesmo assim essa quantidade ainda é menor do que muitas cidades importantes do mundo; mencionaram Londres, na Inglaterra, em cidades da Alemanha e outras. “Nosso índice de perda é muito baixo e praticamente zero por vazamento. Até mangueiras furadas a gente arruma”, afirmaram.
Por fim os representantes da Sabesp dizem que a empresa não faz nenhum tipo de segregação por condição social e que atende todos de forma igual e que atualmente em São Mateus, parte de Sapopemba e Vila Prudente e outras áreas atendidas pelo polo ninguém reclama de falta de água, de participar de rodízios e o fornecimento é por igual para todos, além da qualidade da água tratada. “Eu tomo água direto da torneira e confio mais nela do que em águas minerais engarrafadas”, diz Bouzan.(JMN)

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