Pinga Fogo com a candidata a deputada federal Juliana Cardoso
No quarto encontro da série, a vereadora Juliana Cardoso (PT/SP) foi convidada ao Pinga Fogo da GSM onde compareceram mais de 50 pessoas.
Diferentemente dos outros encontros com candidatos nas próximas eleições; ela própria a deputada federal, a conversa girou quase que toda ela em torno de questões mais gerais da política e não sobre temas locais.
Na leitura descompromissada da redação, esse pode ter sido um indicador de que os interlocutores presentes acreditam nas boas chances da candidata.
Acompanhe aqui o resumo do que foi possível anotar do encontro.
Exercendo o terceiro mandato como vereadora do Partido dos Trabalhadores (PT) pela cidade de São Paulo, o que não é pouca coisa, Juliana Cardoso de 38 anos tornou-se liderança social há tempos no Jardim Elba na região do Sapopemba vinculada as Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica inserida na Teologia da Libertação a exemplo de seus pais. Muito atuante, juntou-se a força política representada à época pelo ex-vereador e ex-deputado estadual Adriano Diogo, este também concorrendo a uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo, e desde então, vêm construindo juntos um mandato bastante representativo na cidade, na Grande São Paulo e pontualmente no interior.
Não à toa, com três mandatos seguidos de bastante representatividade junto aos movimentos sociais em distintas áreas; da saúde a habitação, das demandas de bairro ao meio ambiente, dos direitos humanos a cidadania, há um sentimento meio que generalizado de que, apesar das enormes dificuldades que a atual conjuntura impõe à campanha eleitoral, ela deva ter sucesso na empreitada. “Todo cuidado é pouco”, revela a vereadora que trocou uma espécie de zona de conforto, muito consolidada como vereadora, pela disputa deste ano.
Enquanto se apresentava aos que ainda não a conhecia, Juliana Cardoso disse que estava cumprindo uma tarefa a partir do entendimento do mandato de que é necessário travar uma luta na esfera federal, objetivamente na Câmara de Deputados, em Brasília, como deputada federal, local a partir de onde, principalmente desde 2016, com o impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT/MG) tem sido gestadas e aprovadas inúmeras medidas de ajustes do governo Michel Temer (MDB/SP) com visíveis prejuízos aos trabalhadores e a sociedade em geral.
Além da necessidade de aumentar a representação feminina de oposição no Congresso Nacional, a eventual eleição da convidada terá o sentido de fazer frente aos desmandos e aniquilamento das políticas sociais em curso. Para ela, uma das principais medidas a ser combatida é a suspensão do congelamento por 20 anos dos orçamentos nas áreas sociais; medida aprovada pelo atual governo, que tira do povo enquanto premia seguidamente setores empresariais com as mais finas prendas que vão de anistia de dívidas até a entrega do patrimônio estratégico nacional para o setor empresarial.
No encontro foi questionada por Moacir Nascimento que lamentava sua possível saída da Câmara dos Vereadores, caso seja eleita, deixando um vácuo no atendimento ao movimento de saúde da região e da cidade. Juliana ponderou que a luta pela manutenção e melhoria do Sistema Único de Saúde – SUS também se dá na esfera do que se decide no Congresso. “Como tudo na política mais recente, o Congresso é um espaço estratégico por onde tem se dado o enfrentamento contra os desmandos do atual governo”, comenta com razão.
Além do apoio as lutas dos movimentos de saúde por anos a fio, Juliana também lembra a difícil situação por que vem passando a assistência social, com o congelamento por parte do governo federal do orçamento em iniciativa aprovada por deputados e senadores. O reflexo é imediato na assistência social na região, considera a convidada; tanto porque a prefeitura, seguindo os passos do que se faz no governo federal, implica em uma situação de penúria pela qual as entidades conveniadas, e citou várias na região, estão passando. Mais um motivo para fazer esse enfrentamento no congresso.
Sobre a impunidade
Indagada sobre a sensação de impunidade em praticamente todas as áreas, que perpassa a cabeça das pessoas, com as notícias do dia a dia, Juliana comentou que em alguns casos leis antigas ou desajustadas da situação atual, como é, por exemplo, as Leis de Execução Penal precisam de revisão.
Servem de exemplo, também outras legislações ou prerrogativas que precisam ser revistas. Principalmente as que dizem respeito aos próprios parlamentares, aos membros do alto escalão do executivo e até mesmo aos membros do Judiciário que, não sem alguma razão, passa a sensação de que são pessoas à parte com tratamento especial. É lá, no Congresso que se trava essa batalha lembra, novamente, a vereadora.
Segundo Juliana Cardoso é preciso promover a renovação na Câmara dos Deputados em função do que se vê de questionável na atual legislatura, que salvo honrosas exceções, é uma das mais perniciosas aos interesses da maioria.
“As bancadas e muitos partidos, sem suporte ideológico, se transformaram descaradamente em balcão de negócios e fazem negociatas tão escabrosas a ponto de passar vergonha para além do espaço nacional. Certas medidas e comportamentos do Legislativo brasileiro é vexame internacional”, resume Juliana.
Alguns registros pontuais
Sobre ingratidão – Núbia Quaresma estava entre os presentes para perguntar a convidada como ela lidava com a ingratidão das pessoas que não dariam valor a uma liderança como ela, eventualmente deixando transparecer que no Jardim da Conquista, ocupação histórica que teve muito contribuição e esforço da vereadora, algumas lideranças não simpatizariam com ela.
Tranquilamente Juliana respondeu que são situações pelas quais qualquer um passa; que se pode lamentar, mas há que seguir em frente. Juliana ainda enfatizou a necessidade das comunidades se manterem organizadas atrás de suas conquistas, notadamente, no caso que envolvia a comunidade citada, ainda em busca de regularização fundiária, principalmente na gestão municipal mais recente que prioriza as remoções sem a devida contrapartida de maior alcance e sólidas para além da “Bolsa Aluguel” que só serve para o curtíssimo prazo, deixando as famílias que foram removidas de seus lugares sem perspectiva de moradia própria adequada.
As dificuldades na saúde
Outro entre os presentes denunciou a falta de remédios essenciais para as pessoas que precisam fazer rotineiramente diálise enquanto aguardam a possibilidade de transplantes numa demanda que alcançou quase 10 mil inscritos. Juliana lamentou e explicou que a situação da saúde é uma das mais atingidas na atual condução do governo federal, razão pela qual a luta pela manutenção do SUS e no envolvimento das comunidades na discussão dos arranjos que a gestão tenta fazer, como foram as tentativas de fechamento de unidades.
É público e notório que o mandato teve importante presença na discussão dessas tentativas de ajustes no atendimento, principalmente nas UBS do Jardim Tietê I e II, assunto tratado em edições recentes e na reversão da tentativa do então prefeito Doria em fechar unidades na cidade de São Paulo.
A crise do desemprego
Maria Fernandes moradora e lutadora pela conquista de moradia na região do Aricanduva destacou a crise de desemprego no Brasil. Por sua vez uma liderança do Jardim Centenário, Jardim São Gonçalo e do Riacho dos Machados se mostrava apreensivo com a demora nas obras de contenção de enchentes no córrego que passa por essas comunidades questão em que o mandato da vereadora está inserido. “Durante a nossa gestão, referia-se a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), fazíamos as intervenções no córrego sem precisar promover remoções. Íamos acertando aqui e ali, coisa que a atual gestão não faz”, disse, parecendo insinuar que a atual gestão não tem esse cuidado e tanto quanto possível promove a remoção das famílias que após período de apoio da municipalidade não tem onde se fixar. . (JMN)
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