Assim que a diretora do jornal Lucy Mendonça deu início ao encontro, o vereador Gilson Barreto observou que quando se vai avaliar o comportamento do político é preciso ter claro que, salvo em outros regimes e em outros períodos da história nacional, o parlamentar só existe porque receberam os votos dos eleitores. Ou seja, que _o que é e o que pode se transformar o eleito_ é responsabilidade também dos eleitores, segmentos de interesses ou comunidades que os elegeram. “Estamos passando por muitas transformações na sociedade atual e não cabem mais candidatos que não se ajustam aos novos tempos. Ou se ajustam ou serão superados”, disse. Respaldado pela anfitriã e outros lembrou que é um erro pensar que participar da política é apenas comparecer em dias de eleição. A política decide os assuntos coletivos e é atividade para o tempo todo, resumamos.
Aberto às perguntas Gilson Barreto foi questionado pela moradora e liderança do Jardim Santo André, professora Fátima Magalhães sobre o projeto de transformar o Morro do Cruzeiro em área preservada e de interesse turístico que não caminha. Perguntou ainda sobre a promessa de entrega do campo de futebol chamado de Cruzeirinho, em referência a um time local e a demora na entrega em funcionamento do monotrilho em São Mateus. Fátima ainda comentou sobre as dificuldades dos estudantes que precisam andar mais de dois quilômetros a pé para acessar a escola pública local no Km 28 e que estão sem peruas que façam o trajeto.
Pressão Popular
Gilson concorda com a importância turística do Morro do Cruzeiro e as ameaças com as invasões para efeitos de moradia que a região sofre; apesar de disposto no atual Plano Diretor e no zoneamento da cidade onde segue indicada como área de preservação da maior parte sendo que uma porção deste, na parte de baixo, indicada para moradia popular. Sobre o campo informou que já indicou emendas ao orçamento municipal para o campo de futebol cujo local inicial foi cedido para a construção de uma escola pública. Nas três questões indicadas lembrou a importância da pressão popular organizada para o sucesso das reivindicações, mantra que repetiu o tempo todo durante o encontro.
Sobre o monotrilho
Sobre o monotrilho, o vereador considera que apesar da demora, está tendo avanços e que do itinerário planejado, até a Vila União já esta funcionando mesmo que parcialmente, e que o trecho que o faz chegar a São Mateus está sendo submetido a testes de calibragem do percurso e estações. “São testes pontuais utilizados pela engenharia para ajustar detalhes. A previsão é de funcionamento ainda em agosto”, disse, mesmo diante das observações dos presentes sobre a demora não seria um modal defasado e a lamentação pelo fato da região não receber o metrô tradicional. Gilson contra argumentou que a modalidade monotrilho deve dar conta da demanda e operar com a mesma eficiência do metro tradicional.
O que se sabe é que parte do trajeto que levará o monotrilho em direção a Cidade Tiradentes já passou por fase desapropriação. Ainda no sentido de intervenções viárias, dezenas de sugestões foram expostas, entre elas a do próprio vereador que sugeriu levar o monotrilho utilizando partes das margens do leito do Córrego Aricanduva. Em sendo adotada a sugestão ainda vai reservar espaço para construir moradias para os que estão às margens do mesmo córrego caso sejam remanejados do local.
Ao se estender sobre o assunto, o vereador falou sobre as novas intervenções no viário e mobilidade urbana que vão conduzir passageiros entre Vila Prudente, Carrão, Penha, por exemplo, e outras que vão cortar o Shopping Aricanduva e Jacu Pêssego. Disse ainda sobre a ampliação de importante via no Iguatemi; sobre ônibus ligando São Mateus ao aeroporto de Guarulhos com importantes paradas e outras.
Sobre melhorias desejadas para a região da Terceira Divisão, Luiz Mauro, presidente de uma sociedade amigos local lembra-se de alguma promessa de compensação ambiental que até hoje não aconteceu preocupado com a eventual perda desses recursos ao que o vereador explicou um pouco sobre a lógica da administração que em função da queda de arrecadação no orçamento promove ajustes. Foi o caso, explicou ele, entre 2017 e 2018 onde um déficit de $ 7,5 bilhões de reais implicou na medida tomada pela prefeitura. “Agora, em 2018, estamos com um orçamento mais realista e algumas coisas estão acontecendo melhor”, iniciou. Deu como exemplo a recuperação do antigo aterro que hoje vem se transformando no Parque Sapopemba e que antes sofreu várias tentativas de ocupação. “Hoje temos árvores plantadas e pretende-se trazer mudas prósperas de cerejeiras aos moldes das existentes no parque do Carmo. Estamos tentando transformar também esse espaço em ponto turístico”, emendou.
Parque abandonado
O descuido no Parque das Nebulosas lembrado pela diretora do jornal, que registrou o abandono atual daquele espaço único no bairro Santa Barbara , o vereador que desejava que até um mini estádio fosse lá instalado registrou que existe uma administração cuidando mesmo diante das dificuldades de recursos da administração pública. Gilson lembrou que à época conseguiu que parte da verba que estaria sendo usado em melhorias na Marginal Tietê foi remarcada para a edificação do espaço do Parque das Nebulosas. Disse, também, que em tempos recentes houve uma suspensão na contratação dos serviços de zeladorias dos espaços verdes, que vem agora se recompondo paulatinamente. Pareceu ter indicado que a zeladoria vai voltar com mais força ao local atendendo aos reclamos dos vizinhos e usuários daquele espaço.
Orçamento
Sobre o orçamento para a região de São Mateus em resposta ao questionamento do advogado Roberto Torres, Gilson Barreto registrou que a situação se modificou, sendo que a Prefeitura Regional tem, hoje, o segundo maior orçamento por região da cidade, embora ainda sempre insuficiente. “Não há ainda um mecanismo de independência maior das regiões e prefeituras regionais quanto a essa divisão e esse é o motivo de parte dos problemas, mas manter a pressão por parte das comunidades organizadas é sempre benvinda pra que essas divisões sejam mais justas e fazer frente às manipulações que, em geral, o governo central, no caso, a municipalidade faz”.
Há falta de união mesmo entre as diversas comunidades que sofrem problemas comuns foi registrado pelos presentes com exatidão. Gilson vai além e lembra que toda ação nesse sentido é política e que sem ela ou ausentar-se dela é deixar que outros a faça. “Tenho como conduta analisar as demandas e as que forem justas e de acordo com meus princípios e de compromissos com as comunidades as adoto”. “É um mundo cão, mas ninguém coloca do dedo no meu nariz, faço diante das minhas possibilidades. Se for do interesse dos segmentos que represento vamos estudar”, finaliza.
Idosos desamparados
A conselheira municipal do idoso, Deise Achilles registrou que 38% dos moradores nos distritos de São Mateus são de idosos e que esses não tem absolutamente nada para fazer de forma coletiva e organizada na região, além de algumas inciativas pontuais que ela e outros conseguem articular. A demanda por atividades e pontos como um centro de convenções para o idoso é uma demanda que cresce na região.
Relembrado historia
“Nos anos 80 inventamos de iluminar a Avenida Mateo Bei. Eu era administrador regional de Itaquera e São Mateus e colocamos lâmpadas que eram acesas à noite e apagadas pela manhã. A primeira delegacia no bairro foi conquistada através de um pedido que fizemos ao então deputado Erasmo Dias que na ocasião nos perguntou se o apoiaríamos na campanha. Eu era presidente do conselho de sociedade amigos e dissemos que sim. Engolimos o Erasmo (risos) e recebemos a delegacia. O serviço de abastecimento de água, asfalto e outras melhorias eram lutas que estávamos junto com outros desde os anos 60”.
“Perdi o emprego na administração regional por causa do Shopping Aricanduva. Na ocasião a família Mofarrej, proprietária do terreno, era devedora e a área estava sendo planejada pelo poder público para moradias. Entendíamos que era uma área promissora e mobilizamos alguns clubes que usavam o espaço com campos de futebol e resistimos. Onde agora tem um shopping era para ser uma área deteriorada. Como contrariei os interesses de secretários na ocasião perdi o emprego na regional”.
O início da ocupação no Jardim da Conquista também tem o dedo do vereador para onde ele levou cerca de 70 famílias para ocupar áreas lindeiras ao córrego. Era no tempo da Erundina, na época do PT, prefeita que, aliás, ele destaca como o governo mais sério que conheceu. Depois dessa ocupação nada mais segurou o adensamento da região.
Perguntado sobre a sempre esperada regularização da Vila Bela o vereador teve diversas ações na região ao longo de todo o período; dizendo que atualmente a família montou uma empresa para efetuar a cobrança de valores dos lotes com descontos e organizando a documentação. Antes, porém, esteve participando, junto com outras lideranças e parlamentares, por melhorias possíveis na situação de irregularidade em que se encontrava a ocupação. Foi assim com a energia elétrica, não sem a contrariedade da família Mikaiel, e o abastecimento de água feito pela Companha de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP – que substituiu o famigerado abastecimento por mangueiras precárias em iniciativa lastreada por determinação do Ministério Público que respaldou a ação da companhia. Nessa movimentação toda teve a articulação do vereador.
Gilson ainda registrou que do ponto de vista de ocupação e regularização de áreas houve várias modificações favoráveis no Plano Diretor atualizado e nas Leis de Zoneamento. “Atualmente, graças à lei que aprovamos, qualquer comunidade pode iniciar o projeto porque em certas circunstâncias deixou de ser crime” registrou aleatoriamente.
Sobre a situação da ciclovia na Avenida Bento Guelfi que, a vizinhança, os transeuntes e parte dos usuários de bicicletas acham inadequada, as conversas continuam com a Companhia de Engenharia de Tráfego e as secretarias responsáveis. O vereador sugere que mudanças mais efetivas no local vão depender da mobilização dos interessados nelas.
Mutirão de operação de Catarata iniciada pelo vereador completa 18 anos ininterruptos de atividades e hoje já tem inúmeras entidades participando. O que começou com 27 operações já alcançou 25 Mil procedimentos. As inscrições para as novas cirurgias estarão abertas do dia 6 de agosto a 16 de setembro. (JMN)
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