Nem todo mundo sabe, mas o solo tem estreita relação com a disponibilidade de água e as mudanças climáticas. Num momento em que sobretudo São Paulo e Rio de Janeiro vivem uma séria crise de abastecimento, provocada por diversas razões, temos que nos lembrar da falta de aproveitamento da água de chuva em diversas frentes — seja no meio urbano ou rural.
A crise hídrica está intimamente ligada ao manejo do solo. Atuando como um filtro, ele deve estar permeável para que o líquido se acumule nos lençóis freáticos e aquíferos. Assim, percebe-se que o problema da crise hídrica no Sudeste é provocado não só por baixa precipitação, mas principalmente pela impermeabilização do solo nas áreas urbanas e o não armazenamento das águas pluviais. Algumas cidades como Paris e Kuala Lampur utilizaram medidas de contenção de enchentes, como a construção de reservatórios subterrâneos (“piscinões”) para melhorar aproveitamento da água da chuva. Além disso, muitas cidades estão abrindo grandes parques para viabilizar a infiltração e retenção da água.
Nesse contexto, talvez possamos dizer que o problema hídrico começa bem antes, com a erosão das cabeceiras dos córregos e rios que compõem nossas principais bacias de captação de água. Não há dispositivo em nossa atual legislação ambiental que preveja a necessidade de acompanhamento técnico que garanta o manejo adequado do solo nessas áreas tão frágeis — mesmo se estiverem no coração da recarga de aquíferos. Com isso, em um solo descoberto ou com pouca cobertura vegetal, as águas da chuva apenas “varrem” o solo, não se infiltrando e não promovendo o reabastecimento dos aquíferos e a manutenção dos lençóis freáticos dos rios e córregos que alimentam os reservatórios.
Da mesma forma, o aquecimento global pode ser influenciado pelo manejo do solo. Segundo documento das Nações Unidas, até o fim desta década, é necessário que as emissões de carbono parem de crescer e caiam para zero até 2050, e o manejo adequado do solo pode ser o fiel da balança no sequestro de carbono.
Diversas práticas agropecuárias, como o plantio direto, o reflorestamento de áreas degradadas, a integração lavoura/pecuária/floresta e a fixação biológica de nitrogênio em leguminosas e algumas gramíneas, como a cana-deaçúcar, elevam a acumulação de carbono na terra. Mas precisamos avançar na criação de indicadores nacionais que demonstrem, entre outros, a extensão desse estoque de carbono e sua variação em função dos diversos tipos de manejo realizados nos diferentes biomas brasileiros.
Por sua multifuncionalidade, o solo deve estar na pauta dos agentes públicos, sob a responsabilidade de quem faz a gestão de um recurso finito. Só assim haverá mais chances de que o cenário futuro do Brasil e do mundo seja mais promissor para a vida do homem na Terra.
Daniel Pérez
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