Na terça-feira, dia 24/02 o voto feminino no Brasil completou 83 anos. Caminhando para o primeiro século, a conquista na maior parte do tempo passa despercebida pelas mulheres. Perguntamo-nos a que se deve essa invisibilidade.
O cenário político nacional desagrada de uma ponta a outra do país. O período de eleições tem sido marcado por discordâncias e incongruências entre promessas, propostas e realidade. Talvez isso por si só configure motivo suficiente para que algumas de nós, mulheres, se mantenham alheias e desinteressadas nos assuntos políticos, representados por candidatos, partidos e todo o aparato democrático colocado à disposição do cidadão.
Entretanto, se o cenário atual político desperta insatisfação, é o voto, como instrumento da cidadania consolidada pela Constituição Federal de 1988, que estabelece a ponte de manifestação por novos e melhores direitos.
Em 1932, somente as mulheres casadas (com autorização dos maridos), viúvas e solteiras com renda própria poderiam votar. Em 1934, estas restrições foram abolidas, porém o voto das mulheres ainda não era obrigatório como o dos homens. Apenas em 1946, os votos do homem e da mulher adquiriram o mesmo status jurídico.
Atualmente, vivenciamos um período de revolução intelectual propiciada pela globalização dos meios de comunicação e da tecnologia. É quase impossível não se manter informado sobre o que acontece no país. Da mesma forma, não criar opinião sobre determinado escândalo ou sobre a crise hídrica, por exemplo, tornou-se um comportamento improvável.
O voto é o instrumento de manifestação do cidadão. O voto das mulheres é uma vitória feminina e um troféu a ser erguido por todas nós. Muito embora, incontáveis sejam as razões de descontentamento com o panorama político, é imperioso exaltar o voto.
As mulheres representam a força da sociedade em ascensão constante e irrefreável. Hoje representam mais de 50% da população e eleitorado. A conquista das mulheres é empoderamento, emancipação, autonomia e independência.
A política tem sido vendida com a imagem de seus representantes públicos, quase sempre negativa. Porém, é gritante a necessidade de desconstrução dessa perspectiva.
Muito embora a legislação eleitoral garanta uma reserva de 30% das vagas, hoje a proporção eleita de mulheres não chega a 15% na Câmara dos Deputados nem no Senado.
As questões relativas à igualdade de gênero são de interesse de todas as mulheres, até mesmo daquelas que acreditam que a luta está ganha.
O poder representativo da mulher é inegável. Para além de grandes vozes do cinema exaltando as mulheres em comemorações célebres, cada mulher em sua casa, trabalho, na comunidade e, de modo geral, no cotidiano simboliza um espaço ilimitado a ser conquistado.
No aniversário de 83 anos do voto feminino no Brasil, não bastam homenagens. É preciso tomar em punho a consciência do exercício de voz, de manifestação e do pensamento, que muito antes de concedido por lei, já pertencia a cada uma das mulheres desse país.
Amanda da Mata
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